The Dark Knight

Dessa vez, não tem resenha, nem epígrafe. Não vale a pena, e uma palavra só basta, usada pela Batotis.

Sensacional.

Tudo, simplesmente tudo. Não só pelos atores, pelos efeitos, pela ação. Tudo.


Lady Goodman

Penny Lane: I always tell the girls, never take it seriously, if ya never take it seriosuly, ya never get hurt, ya never get hurt, ya always have fun, and if you ever get lonely, just go to the record store and visit your friends.

William Miller: I have to go home.
Penny Lane: You are home.
Por essas e outras que eu poderia ter me apaixonado por você. Mas eu só queria ser seu amigo, juro.



PS: pra alguns, o título é um spoiler.

"It's over, Johnny. It's over!"

John J. Rambo: Live for nothing... Or die for something... Your call.

* * *

Depois de séculos, finalmente fui ao cinema ver o novo filme do Stallone. Na verdade, o "novo" velho filme, porque a esse Rambo IV não tem nada de novo - nem mesmo titio Stalla pagando de novinho ou tentando revivier um de seus antigos personagens, como Rocky Balboa já tinha mostrado ano passado. Mas, se você for assistir pensando que é um filme de ação pra divertir sem maiores pretensões, ele cumpre seu papel, e até que bem.

Mas daí eu confesso que voltei pra casa pensando nos outros filmes da série Rambo, e na relação deles com esse novo. Será que eu não consigo MESMO ver um filme sem pensar em algo de mais complexo? Saco.

Mas, enfim... voltando ao primeiro filme da série (que em inglês nem mesmo se chama Rambo, mas sim First Blood), é gozado ver como John Rambo naquele filme mais é um homem perturbado, que é provocado na hora errada e do jeito errado, e isso leva a algumas mortes e a um posto de gasolina explodindo. Mas nem de longe o personagem é um herói de guerra, uma máquina de matar como ele viria a ser mostrado depois; tanto que por mais que o Marcão, por exemplo, fizesse piada com os diálogos do filme, eles eram infinitamente mais bem construídos do que qualquer fala que eu vi hoje - tanto que a epígrafe aqui em cima é de certo a fala mais "inteligente" ou profunda do filme. Sem contar que uma fala do tipo "Fuck the world!" é o que a gente vê de mais atormentado no Rambo. Tanto que o nível de violência nos filmes, independente de estarmos falando de 1982 e 2008, é incrivelmente distante porque, ainda que eu não os detalhes tão frescos na cabeça do primeiro filme, lembro que o que ele fazia era mais uma consequência do que era feito pra ele, e agora o bicho virou simplesmente uma máquina de matar (236 mortes) que consegue arrancar o pomo de Adão de alguém na raça e tem um facão que tira cabeças e tripas.

Depois veio Rambo II, que já mostra a máquina de matar. Claro, dá pra pensar que o filme tem um lado de mostrar legal como um soldado pode ser usado pelo Governo pra fazer o serviço sujo, mas ainda assim é basicamente um filme de ação, com o sujeito tirando do apoio do helicóptero uma metralhadora que faria o braço de qualquer um se deslocar. Mas o filme é legal, mesmo! Sem contar que o Rambo se dá bem, dando uns beijos na mocinha espiã do filme, pra ela morrer logo em seguida. E entram os russos em cena! Qual fã de ação esquece a tortura na cama elétrica, ou mesmo o corte com a faca em brasa no rosto dele? A faixinha vermelha, pela primeira vez, sendo amarrada na testa na hora do pega-pra-capá? O gritinho dele destruindo o acampamento do exército no helicóptero e a perseguição que vem logo depois, pra acabar com o tiro de bazuca, são simplesmente fenomenais, extramente bem feitas. E, de novo, estamos falando de um filme de ação. Ponto.

(ah, e a faixinha rolava em todo santo episódio do desenho animado, uma das coisas mais mal feitas que eu já vi na vida)

Na hora de falar sobre Rambo III me sinto suspeito, porque eu simplesmente A-DO-RO esse filme, fato. Dublado ou legendado. Com o Omar Shariff fazendo o velho árabe sábio (o Masoud). Aquela ladainha no começo do filme com as lutas na Tailândia e com os monges. Afinal de contas, ele usa pólvora pra curar um ferimento - acho que a coisa mais de macho que já vi num filme -, entra num jogo estranho (chamado buzkashi) com cavalos e um carneiro morto pra ganhar e dá conta praticamente de um batalhão de russos malvados, derrubando dois helicópteros com uma metralhadora e com um arco-e-flecha. Fora isso, o general russo Zaysen é o melhor dos filmes, com o arzinho de ironia constante no rosto dele e ainda assim conseguindo passar a impressão de que ele seria capaz de te capar com um cortador de unha sem expressar nada. Daí tem a cena final, que começa com uma frase irônica vinda do Rambo fantástica ao ver um exército vindo pra cima, enquanto ele e o Coronel estão em cavalos. Vai assim:

C. Trautman: What do we do?
Rambo: Well, surrounding them's out of the question...

Tudo bem, empolguei. Mas é um bom filme de ação, simples assim. Violento, com ritmo de non-stop e que é bem feito. Tem o melhor absurdo de filme de guerra, que é uma batida de frente de um tanque e um helicóptero, e ainda assim todo um tom irônico se pensarmos que à época (1988) os afegãos eram os coitados oprimidos pelos soviéticos comunistas comedores de criancinhas, e em 2001 eles viriam a ser os fucking terroristas que jogaram os aviões nas torres e no Pentágono, chocando o mundo. Essa arte, hein?

Agora, finalmente chegando a Rambo IV... fica meio decepcionante. A começar que a tal Birmânia chama-se Miamar hoje em dia, mas as cenas de guerra civil e de como os soldados são com as pessoas são, infelizmente, bastante realistas. Os americanos bobinhos e bem intencionados estão lá, tem a figura de um comandante do mal (dessa vez um major pedófilo, acho eu) que tem uns óculos bem bacanas, por sinal, mas nada de russos, ou mesmo do drama do primeiro filme. Ficou longe disso, na verdade, e ainda assim algumas mudanças vieram bem. Não tem helicóptero, e os vilões do filme não falam um A de inglês, então fica sem aquela lenga-lenga de dar explicações do porquê do que fazem - como se houvesse justificativa, e não tem um beijo sequer! Sim, é incrível! Ainda que tenha vários outros clichês e frases prontas, não tem esse! Claro que há um ar todo mítico em volta da figura do próprio Stallone (que bancou a coisa toda, e ainda dirigiu o filme) e do Rambo, porque quem vai ver e tem mais de 24 anos vai sentir aquela coisinha nostálgica de quando via outros filmes, e é aí que o filme perde pontos, não pela sua qualidade isoladamente. O filme não tem aqueles típicos dois ataques, um dando errado (geralmente quando o Rambo é preso e torturado, nem que seja um pouco) e o outro dando certo, pra ele sair gritando e metralhando - é um só, bem discreto, pra um desfecho sangrento, em que a arma em si faz mais diferença do que ele. Aliás, ele inspira até um pacifista a matar a pedradas, mas quem nunca teve esse instinto? A cena final, do tipo "I'm coming home" é muito clichê, do pior, porque é ligada diretamente a um diálogo péssimo com a Sarah "eu toco o coração do bruto" Miller, mas curiosamente lembra e MUITO a abertura do primeiro filme... até mesmo o cabelo dele!

É um filme de ação ao melhor estilo "tiros, mortes e sangue", e no meio de tanta coisa visualmente mais bonita hoje em dia não faz feio não. Mas deixa claro uma coisa: Rambo já deu. Esse filme diverte e é pra ser visto no cinema ou em casa com um aparelho legal, é isso, mas tá na hora de dar ouvidos ao Coronel Trautman quando ele diz que acabou, e deixar por isso mesmo.

Burnham

Lester Burnham: [narrating] It's a great thing when you realize you still have the ability to surprise yourself.
* * *

Beleza Americana é meu filme favorito, ainda ontem eu disse isso. Muita gente, a maioria na verdade, diz que é bom mas nem de longe é o favorito. Bom, é o meu. Ter visto isso com 16 anos e ir morar nos EUA mudou minha perspectiva, sem contar que Lester Burnham (o sempre bom Kevin Spacey) se tornou de certa forma um molde pra mim. Não pela maconha, ou por querer comer a amiga da filha, mas o homem tem as melhores frases que algum filme pode ter. Talvez só Casablanca (que finalmente vi!) tenha diálogos melhores, mas ainda assim... sem contar que o filme em si é visualmente bonito, e a trilha sonora faz milagres - a última cena do filme, por exemplo, quando ele conta o flash da própria vida. Sim, eu choro nela.

Mas hoje eu vi, às 9 da manhã, como essa frase acima é verdadeira. Como é bom perceber que você ainda consegue se surpreender, ainda que o "truque" matinal não seja nenhuma novidade, e me fez ver melhor ainda como eu gosto de andar de ônibus em São Paulo.
Lester e Tati, muito obrigado. Se jogar é impreciso, Pessoa, mas preciso também.