"No, it does not exist for you. You exist for it."


Alex: I have reflected many times upon our rigid search. It has shown me that everything is illuminated in the light of the past. It is always along the side of us, on the inside, looking out. Like you say, inside out. Jonathan, in this way, I will always be along the side of your life. And you will always be along the side of mine.



"You weren't wrong, Tom. You were just wrong about me."

Quando eu tinha meus antigos 15 anos, minha vizinha Bia me emprestou um filme que ela tinha alugado, Melhor É Impossível. Com dois Oscar na bagagem, um deles para Jack Nicholson (e o outro para Helen Hunt), era difícil não gostar do filme, ainda que fosse na fase em que eu ainda gostava de ver o Bruce Willis e cia. salvarem o mundo do asteróide malvado. Era uma semana à tarde, possivelmente terça ou quinta, e lá fui eu ver um filme em VHS (quanto tempo, não?) com mais de 2 horas. Não saía do sofá, não queria. O filme acabou e eu, eufórico, queria sair de casa correndo pra ir me reconciliar com minha ex-namorada que me dera um pé nos fundilhos não tinha muito tempo, inspirado por Melvin Udall e seu "You make me want to be a better man", o melhor elogio na história do cinema - ao menos, o recente. Ia dar certo, ela ia me querer de novo, e seríamos felizes! Yes! Só que... eu não fui. A casa dela era longe, e aqueles minutos que enrolei pensando na bicicleta e em todas as ladeiras (em Poços de Caldas, não é brincadeira), ou mesmo no tempo que ia dar pra pegar um ônibus e ir até lá. Não fui, e não voltamos, ao menos até o ano seguinte para uma volta relâmpago de uma semana, e uma eventual quase cagada em 2003.

Desde então, eu fico meio cismado com comédias românticas ou filmes que simplesmente tratam de amor. Essa semana eu vi (500) Days of Summer, ou (500) Dias Com Ela. O elenco já me deixava animado, porque eu sou bobo pela Zooey Deschanel e o Joseph Gordon-Levitt teve as manhas de fazer o único filme de adolescentes em colégio com fundo bobinho de que gostei e até hoje gosto, 10 Coisas Que Odeio em Você, o IMDB marca um merecido 8.2 na avaliação e a trilha sonora é das melhores. Não tem como dar errado, tem? E nem dá, mas o filme é um belíssimo soco, de direita, em cheio. Nocaute. Ele é honesto quando diz que não é uma história romântica, e está mais para o que Closer é: uma história sobre o amor, com menos sexo aqui do que lá. Quem até hoje diz que o lance entre os quatro lá, incluindo a linda e tudibão Natalie Portman (as meninas falariam do Jude Law, ou mesmo do Clive Owen), é uma história de amor precisa urgentemente rever conceitos. É sobre S-E-X-O, e foi a Alice que disse "Why isn't love enough?", frase que me persegue. Aqui é sobre amor mesmo, e até chega a parecer que é amor bonitinho, dos que pode dar certo, mas bem pouquinho, com base em um dos truques mais bem sacados do filme, jogar a história para frente (ou seja, com o Tom na fossa) e pra trás, mostrando a conquista e ele todo radiante. Outra montagem fantástica é o contraste entre expectativa e realidade, mas daí eu vou ter que contar o filme e entregar um detalhe fatal e, ao mesmo tempo, brilhante, literalmente.

Mas aí é que está o soco que o filme dá na probre audiência, ainda mais quando ela consegue se ver no filme, seja como o Tom, romântico, ou como a Summer, sincera de doer. Aliás, uma adverência: se você terminou um longo e tenebroso relacionamento, está com dor de alguma coisa, ou simplesmente teve seu coração partido, pense 245 vezes antes de entrar na sala de cinema ou baixar esse filme para seu computador. Apesar de todos os clichês que temos em filmes do tipo que acabam em final feliz, reconciliação ou algo do tipo entre o casal principal, (500) Days não faz isso - e isso não é spoiler, se você tem Tico e Teco pra processar o narrador avisando isso: "This is a story of boy meets girl. But you should know up front, this is not a love story". E foi bem aí que eu fiquei atônito, me vendo no filme como a Summer ou vendo a Autumn acontecendo para outras pessoas, mas nunca para mim, como em 2006. O que me remeteu direto a outro filme que vi esse ano, e achei uma graça. Ah, isso e ao papel da música para começar um relacionamento, e a constatação óbvia e certeira que uma menina de 12 anos faz que eu preciso ouvir com mais frequência sobre gostar de coisas estranhas e ser o soulmate de alguém.

Nick and Norah's Infinite Playlist, no filme, não faz jus ao título. Mas é com a Kat Dennings, é música do começo ao fim, veio de um livro muito bacana e tive uma noitada que lembrou a do filme em junho. É entretenimento, mas eu confesso que fiquei maravilhado com a possibilidade de algo como o que acontece no filme acontecendo comigo, com a Kat me dizendo que eu sou o soulmate dela, me contando sobre o Tikun Olam ("reparar o mundo", ou seja, a prática de uma série de actos que conduzem a um mundo socialmente mais justo) e me fazendo achar o judaísmo mais interessante, enquanto eu me apaixono e dou uma resposta tão boa quanto a do Nick. Claro, eu sei. que ganhar na loteria sozinho é mais fácil. Mas eu fico cheio de esperança, achando que essas coisas acontecem, até porque a Norah é aquela que vai fazer o Nick ver a verdade sobre sua ex namorada bem bitch, ainda que o adjetivo esteja a oceanos de ser apropriado no meu caso.

Daí, vem a Summer e mostra que a Norah é obra de um livro de teen lit. Literatura adolescente, porque essas coisas não acontecem. Melvin Udall nunca conseguiria acertar as pontas com Carol Conelly, que iria embora do restaurante antes de ouvir o elogio. Eu posso estar errado, espero mesmo estar. Espero que exista por aí uma Norah e uma Autumn (a "salvação" para o amor que Closer não tem), ou mesmo um Nick. Alguém pra aceitar o convite espontâneo para um café, que vai zerar o contador dos dias ou fazer a gente cair na vida ao som de You Sexy Thing, acreditando mesmo que o Tom está, esteve e sempre estará certo, e que a Summer em cada um de nós vai aprender a lição, sem deixar muitos corpos no caminho. Espero, porque acreditar... bom, não acredito, pelo menos acho que não. Melhor É Impossível foi há muito tempo, e 2005 tá muito mais recente do que eu queria.

"All I wanna do is grow old with you."

Julia: May I ask what happened with Linda?
Robbie: She wasn't the right one, I guess.
Julia: Did you have any idea she wasn't the right one when you were together?
Robbie: I should have. Uh, I remember we went to the Grand Canyon one time. We were flying there and I'd never been there before and Linda had, so you would think that she would give me the window seat but she didn't and... not that that's a big deal, you know. It's just there were a lot of little things like that. I know that sounds stupid...
Julia: Not at all. I think it's the little things that count.
Robbie: How did you know that Glenn was the right one?
Julia: The right one, ah... I always just envisioned the right one being someone I could see myself growing old with.
Robbie: Yeah.
Julia: And... Glenn would be a really good-looking older man. Like Blake Carrington.
Robbie: I'm gonna probably look like Buddy Hackett.

* * *

Um diálogo, duas na lata. E ainda me perguntam por que eu gosto do Adam Sandler, que sabe fazer coisas muito, muito melhores do que Zohan.

PS: sim, eu me inspirei *cof cof* no seu post, Jana. E tive que rever o filme, mesmo não "podendo".