"We're superheroes! You love us!"

Kick Ass é, antes de qualquer coisa, é um filme bastante violento, ao contrário do que alguma idéia que os posters (muito bons, por sinal, especialmente os dos EUA), uma olhada inicial e Chloe Moretz (a irmã de 12 do Tom de (500) Dias Com Ela)  podem dar. É sangue, bastante, e até mesmo um pouco perturbador para algumas pessoas, se ligar menininhas a balas na cabeça revira o estômago de alguém. É um filme de ação, com uma trilha sonora bacana

E, ainda assim, é legal pra caralho! Especialmente pra qualquer geek que gosta de quadrinhos, até porque o filme vem de quadrinhos (por Mark Millar e John Romita Jr.), e é absurdamente recheado de referências, além das mais óbvias, como o Homem-Aranha, X-Men e o Quarteto Fantástico. Dois exemplos:

Kick-Ass: "With no power comes no responsibility." - uma "piada" em cima da fala-lema do Homem-Aranha.

Red Mist: "Wait 'til they get a load of me!" - o Coringa de Jack Nicholson fala isso no Batman, de 1989.

As cenas de ação são bem feitas (uma delas lembra absurdamente Matrix, e Neo correndo e disparando), o elenco bem escolhido, os uniformes bacanas, a sequência em quadrinhos pra explicar a história de Big Daddy dentro do filme... é como que ver um personagem de uma história em quadrinhos lendo um gibi, ou personagens vendo um filme que tem relevância dentro de um filme. Eu fico louco com essas coisas, fica legal demais! Até mesmo o sangue nos tiroteios é claramente feito em computador, mas eu posso estar louco, mas tem um certo efeito de desenho no sangue, não aquele cenográfico patife que não convence ninguém. E alguns diálogos são engraçados demais, como o em que o cara é torturado e a discussão toda é em cima do Batman ou não.

Claro que é provável que mais garotos se interessem pelo filme do que meninas, até pela coisa de ação + super-heróis (é... "super-heróis"), mas é um filme já feito pra uma geração mais pop do que testosterona.  O YouTube deitando e rolando, até pra dar o começo real da história. A trilha sonora é boa pacas, moderna (Mika) e ao mesmo tempo não (Ennio Morricone, afinal de contas, quem mais daria o tom de western pra um filme tão bem?). Christopher Mintz-Plasse puxa Superbad (um... clássico?) e McLovin' pela memória, e não dá pra não gostar desse moleque. Não vale a pena perder por preconceito, a menos que ver gente sendo morta (pelo olhos de um ursinho de pelúcia, que ironia fantástica!).

E é um alento pra qualquer geek. A discussão que os garotos têm no começo (dentro de uma loja de quadrinhos muito maneira, com um Homem-Aranha em tamanho real, diga-se de passagem) sobre o que aconteceria na "vida real", ou mesmo quando Dave/Kick Ass pensa em Peter Parker/Homem-Aranha e meninas... bom, fica até curioso. Ele consegue a menina, Kate (que solta algo incrível como "If I had the chance, I'd fuck his brains out" só pra gente ficar bobo e com inveja da cena seguinte), e daí você se pergunta "Se ele consegue, será que eu na vida real consigo?", apesar do plano de amigo gay ser um pouco demais. Acho que a gente consegue, no fim das contas. Geeks e nerds têm lá seu charme, e isso vale pra ambos os sexos.

Não deu pra não pensar numa frase também no começo... duas, na verdade.

Dave Lizewski: Jesus, guys, doesn't it bug you? Like thousand of people wanna be Paris Hilton and nobody wants to be Spider-Man. 

Kick Ass: The three assholes, laying into one guy while everybody else watches? And you wanna know what's wrong with me?

É curioso, mas é assim mesmo, não? Principalmente a molecada de hoje em dia, só se espelha e admira quem não presta. Paris Hilton é role model, mas os super-heróis não. Mesmo o coitado do Capitão América teve que morrer, porque... bem, o mundo não tinha mais lugar pra ele, e não só o da Marvel. Precisávamos de um cara mais flexível e que tem ideais menos 40's, mais modernos. E isso de a gente só ficar olhando... sad but true. Me lembrou a vez que eu vi um menino sendo assaltado na Santa Cecília, e fiquei lá, olhando, tentando criar coragem pra fazer algo, enquanto todo mundo fazia de conta que nem via, passava reto, bem como o cara da janela que acaba morto - curioso, porque justamente ele que não faz nada acaba assim, sendo que na vida real geralmente é o contrário. 

Será que falta um pouco de Kick Ass em mim? Ou eu fiz foi bem, e assim caminha a humanidade, com super-heróis com poderes nos quadrinhos e os sem poderes também nos quadrinhos, e a gente só consegue fantasiar sobre algo assim?

"Really? Well, then I guess I'm in big trouble."

A idéia era um top 5 de filmes mais ou menos "aun" que não são, na realidade, tão "aun" assim... Mas alguns acabam sendo. Anyway, as meninas entendem o termo, e os rapazes deveriam entender.

E dia 12 de junho é aquele que vem depois do dia 11 e antes do dia 13, mas vale a lembrança.

Não adianta, acho que esse acabou por ser meu all-time favourite para filmes cujo tema principal é amor e afins. E não é só por causa da Zoey Deschanel. (L)

Já foi um certo filme da minha vida, e dá pra gostar até da atuação mais ou menos séria do Ashton Kutcher, que chama mais a atenção do que a Amanda Peet, sem graça.

Mesmo vendo o filme em português, não deu pra não ter aquele quê de "que graça de filme, gente!", por mais gay que isso soe. Especialmente numa cena sem diálogo algum.

O mais recente da lista, mas é irresistível, com toda a estranheza dele. Além de tudo, o Patrick Fugit (o ótimo William Miller do fantástico Quase Famosos) dá um sentimento bom de familiaridade, ao mesmo tempo que não).

Realmente, o filme mais gostoso e legal de se ver com Adam Sandler, no melhor papel dele, como Robbie pra mim. Sem contar que a Drew Barrymore está beeeeeeeeem melhor aqui do que no Como Se Fosse a Primeira Vez, que tenta repetir esse filme, sem as músicas e a trilha sonora dupla, além de faltar o Billy Idol.

"And this trip is a hard swallow of my pride"

Alvin: I'd give each one of 'em a stick and, one for each one of 'em, then I'd say, 'You break that.' Course they could real easy. Then I'd say, 'Tie them sticks in a bundle and try to break that.' Course they couldn't. Then I'd say, "That bundle... that's family."

* * *
Alvin Straight: You don't think about getting old when you're young... you shouldn't.
Cyclist #1: Must be something good about gettin' old?
Alvin Straight: Well I can't imagine anything good about being blind and lame at the same time but, still at my age I've seen about all that life has to dish out. I know to separate the wheat from the chaff, and let the small stuff fall away.
Cyclist #2: So, uh, what's the worst part about being old, Alvin?
Alvin Straight: Well, the worst part of being old is rememberin' when you was young.

* * * 
Alvin Straight: Anger, vanity, you mix that together with liquor, you've got two brothers that haven't spoken in ten years. Ah, whatever it was that made me and Lyle so mad... don't matter anymore. I want to make peace, I want to sit with him, look up at the stars... like we used to do, so long ago.

* * *
[last lines]
Lyle Straight, Alvin's Brother: Did you ride that thing all the way out here to see me?
Alvin Straight: I did, Lyle.

* * *

De vez em quando é sempre bom a gente ser lembrado que o caminho muitas vezes é mais importante do que o destino, seja o que for que nos aguarda lá na frente. E melhor ainda quando temos uma história tão simples e tão comovente pra mostrar isso, com um velhinho tão fofo e simpático, sempre disposto a compartilhar um pouco da bagagem que eles têm com estranhos.

Daí você se lembra que o mesmo David Lynch que faz maluquices como Cidade dos Sonhos consegue fazer uma pérola como esse História Real (The Straight Story).

"Fuck it, Dude, let's go bowling."

Depois de tanto, taaaaaaaaaaanto tempo e tanto enrolar, O Grande Lebowsky entrou na minha vida. Quer dizer, "Dude" Lebowsky entrou, com todo o seu jeito... dude de ser e ver a vida. E o mais incrível é como esse foi um filme que veio carregadíssimo de expectativas e, felizmente, atingiu e se não as superou. E Jeff Bridges é foda, mesmo sem ter visto Crazy Heart ainda.

Não é só por ter morado nos EUA e ter visto, claramente, em diversas cenas uma grande e fina ironia pelo apelido "Dude, que é tantas vezes repetido no filme e na vida real, como todo mundo se chama por lá, do mais pobre ao mais rico. Pode ser qualquer um, e pra mim é daí que vem a grande sacada do nome do sujeito, especialmente pelo estilo de vida que ele leva. Parece que, curiosamente, o filme tem um certo status de cult nos EUA muito maior do que aqui, a ponto de pessoas se reunirem em convenções à Star Wars pra falar sobre o filme e, bem, o estilo "dudiano" de viver. Pra que mesmo, se o Dude é uma bela representação do white American trash, colocado numa roupagem meio Raymond Chandler? Assim, eu quero dizer que lá tem gente demaaaaaaaais da conta que é simplesmente um Dude mas nem sabe, e aqui também, e ele é um ponto de exagero cômico, mas estranhamente perto da realidade pra algumas pessoas, nem que seja aquela que elas repudiam ("The bums will always lose!") ainda que admirem quando é o Jeff Bridges.

E o John Goodman, como o Walter? Fantástico, com o trauma que os americanos (espcialmente os veteranos, os armamentistas até falar chega) têm com o Vietnã mesmo em coisas que não tem nada a ver! Steve Buscemi sempre ótimo, ainda mais quando tão perdido nas conversas e com um fim tão "do nada" que dá o toque de surrealidade para os diálogos que, na real, não têm nada com nada. ("What the fuck are you talking about?") Julianne Moore que o diga, mas ainda não sei se fiquei meio que com repulsa pelo papel dela ou meio que apaixonado. São tantas caricaturas no filme (os alemães niilistas paródias do Kraftwerk e o inglês deles, além do sempre ótimo John Turturro como Jesus, são espetaculares!) que fica difícil dizer qual delas é a melhor. Nesse sentido, até me lembrei um pouco de Napoleon Dynamite, pelo humor que não é tão... óbvio, mas pela coisa caricatural, humor um pouco mais sutil, especialmente mirado nos americanos. Seria mais ou menos como ficar fazendo piada com a classe média brasileira, como o saudoso Caco Antibes falando de pobre ele sendo um, mas sem as risadas de fundo, e sem a cara e o momento pastelões.

Claro, O Grande Lebowsky é (mais) uma obra-prima dos irmãos Coen, e de longe melhor que o coitado do Napoleon (apesar do incrível "Gosh, frigging idiot!"), mas é filme pra ser visto mais de uma vez. Pra se ter em casa, e assistir, quem sabe, tendo uma ocasional viagem de ácido. Quem sabe assim o estilo de vida "dudista" bate, nem que seja por alguns minutos, ou horas.