"I want something I want - something pretty."

[Karl has given Sarah a lift home after the Christmas party. They are standing on her doorstep]

Karl: Well, I-I'd better go.
Sarah: Okay.
Karl: Goodnight.
Sarah: Goodnight.

[he gives her a quick peck on the cheek, then they begin to kiss passionately]

Karl: Actually, I don't *have* to go.
Sarah: Right. Good.
Karl: I mean...
Sarah: No-no that's good. Just, um, would you excuse me for one second? Just...
Karl: Sure.

[she moves round the corner, out of sight of Karl, dances a little jig for joy, then returns]

Sarah: Um, okay, that's done. Um, why don't you come upstairs in about ten seconds.

* * *

ai ai
=D

"Comigo foi sempre assim, parceiro.", pt. II

Tá bom, essa semana eu tive uma conversa que me fez pensar um pouco mais sobre o Tropa de Elite 2, especialmente no que diz respeito a uma coisas que eu mesmo escrevi no outro post:

"Mas é também um filme muito mais pretenso, e simplifica a coisa como um todo, apesar de que talvez seja essa a melhor forma de mostrar o tamanho do problema que é a corrupção, e não só na Polícia."

Não foi sobre a Polícia que fiquei pensando, mas sobre ele ser um filme pretenso, e sobre o sistema, e sobre o Coronel Nascimento (acho que eu gostava mais de dizer "Capitão"). Talvez esteja aí, pra mim, a grande falha do filme.

A narração do Wagner Moura é muito boa, fato. Tanto que ele, no primeiro filme, mudou toda a edição e fez com que o seu Capitão Nascimento fosse o personagem principal (pois é, não era pra ser ele, e quem assiste à edição pirata percebe isso um pouco melhor, e daí é só ler o livro pra ver que não existe nenhuma menção a um certo Capitão Nascimento - hã hã? - lá), e não só pelo falatório. Mas parece que agora ele fala até demais, tem que explicar tudo, tin tin por tin tin, e... fica demais. Mas isso não fica estranho, se alguém fizer um pouco de análise de discurso no filme, passando do nível superficial.

É bem claro que o "sistema" é o grande vilão, que temos policiais corruptos, que se relacionam a políticos corruptos, exitem as tais milícias e daí temos toda a merda do filme e da vida real. Vemos tudo que acontece nas comunidades carentes, e vemos o alto escalão da política. Mas... e a classe média? No primeiro filme isso é muito fácil de ver, com a universidade, o tráfico de drogas e tal, é dedo apontado na cara do quem vê, mas e agora? Fica uma coisa meio abstrata até, não atinge diretemente àqueles que são, por vezes, os maiores culpados. Comunidade não elege, sozinha, político corrupto. Não é porque a gente não faz um gato em casa pra ter TVA que isso significa que não temos nossa culpa no cartório, até porque em teoria as classes mais favorecidas são justamente as cabeças pensantes do país, aquelas que deveriam tomar alguma atitude (Winston Smith, esqueça o papo de prole). Só que no filme isso fica implícito, "jogado" na tal cena de Brasília, com uma frase no mínimo suspeita: "E quem você acha que paga a conta, parceiro?" - ou algo assim.

Nunca duvidei da capacidade de pessoas serem idiotas, ainda mais quando se trata de uma coletividade. E vai ter, sim, gente que vai sair do cinema xingando político, pobre e milícia, sem fazer mea culpa, porque o filme não mostra isso, e nossa classe média é daquelas que gosta de informação pronta. Não vai ter cena de faculdade com gente bonita pra mostrar como a droga chega lá, e essa é a grana que financia o tráfico. Só tem cena de como comunidades estão no rolo, enquanto o resto da cidade dorme tranquila, como se desse pra separar tão bem o joio do trigo. Só que, indo um pouco mais a fundo, alguém tem que perceber que nós temos uma parcela de culpa bem grande.

É o caso de uma eleição de um Maluf da vida por quem tem empreteira e diz que ele é bom pra construção civil, pensando no próprio bolso. É o caso de quem não precisa de serviços públicos e vota no Tiririca por achar que a piada é boa. É quem compra DVD pirata na rua sem saber a origem dessa merda, não conseguindo se tocar que isso pode, sim, ser uma fonte de renda de traficante ou das tais milícias do filme. É quem não percebe que o desvio de dinheiro tira a verba de quem realmente precisa (sendo bem didático, vamos pensar: se há verba, e escolas são construídas e professores são mais bem pagos, será que vamos ter a mesma quantidade de crianças na rua, roubando?), e mantém um círculo vicioso que parece não ter fim no Brasil, e não só no Rio de Janeiro.

É foda, mas um filme tão bom quanto esse peca na hora de apontar o dedo, e não é fazendo uso da ótima narração do Nascimento o tempo todo que a coisa fica mais fácil. A situação é bem complicada, e mereceria alguns bons minutos a mais, com fala de menos, e mais imagem. O povo esquece o que ouve, mas não o que vê, e o filme não mostra a matemática que cabeças mais preguiçosas não conseguem fazer, e daí saem do cinema com raiva, xingando, mas indo tomar aqueles chopes depois e pagando pro policial que parar o carro na blitz da Lei Seca, porque isso não tem nada a ver, claro. O salto é da comunidade carente pra Brasília, não tem nada a ver com o resto do povo.